Mais conhecido como São Longuinho, Longino viveu no século
I, segundo historiadores, seu nome era Gaius Cassius , era soldado romano e
acompanhou como espectador a condenação de Jesus, pagão, não conhecia a Cristo
e se fazia neutro quanto as leis dos Judeus. Provavelmente, como todo romano,
acreditava nos deuses pagãos que era lá cultuado.
Soldado de baixa estatura que servia na alta corte de Roma
antes de ser destacado para servir em Israel. Servindo na corte de Roma, ele
vivia nas festas dos romanos. Por causa de sua baixa estatura, ele conseguia
ver tudo o que se passava por baixo das mesas. Com isso ele achava vários
pertences das pessoas e sempre devolvia os achados para seus donos.
Em terra estrangeira, estava acostumado a crucificar,
prender, e, se preciso matar todos os que transgredisse a lei. Porém Deus lhe
reserva algo a mais, tinha em mira o coração de Cássio (Longino), recebeu ordem
de controlar a multidão na crucificação de um tal Jesus de Nazaré, encontro
esse que mudou sua vida.
Ele tinha um grave problema ocular, não se sabe qual, mas a
maior cegueira dele era a espiritual.
Um relato da Beata Anna Catharina Emmerich, que em visão
recebeu as revelações da vida de Jesus mostra em detalhes como tudo aconteceu.:
"(...) Abenadar, tornado novo homem, salvo pela graça e
tendo rendido publicamente homenagem ao Filho de Deus, não quis ficar mais
tempo a serviço dos inimigos de Cristo. Dirigiu-se a cavalo ao oficial
subalterno, Cássio, também chamado Longinus, apeou-se, apanhou a lança e
entregou-lha; disse algumas palavras aos soldados e a Cássio, que então montou
a cavalo e tomou o comando.
(...) Durante todo esse tempo reinava silêncio e tristeza
sobre o Gólgota. O povo assustado dispersara-se, indo esconder-se em casa. A
Mãe de Jesus e João, Madalena, Maria, filha de Cleofas e Salomé estavam, em pé
ou sentados, em frente à cruz, com as cabeças veladas, chorando. Alguns
soldados estavam sentados no barranco, com as lanças fincadas no chão. Cássio,
a cavalo, ia de um lado para outro. Os soldados conversavam do alto do Calvário
com outros que estavam mais em baixo. O céu estava nublado e toda a natureza
parecia abatida e de luto. Vieram então seis carrascos, subindo o monte Cal
vário; trouxeram escadas, pás e cordas, como também pesadas maças de ferro de
três gumes, para esmagar as pernas dos executados...
Os carrascos ainda pareciam duvidar da morte do Senhor e os
parentes de Jesus estavam ainda mais assustados, pela brutalidade com que
haviam procedido e com medo de que pudessem voltar. Mas Cássio, oficial
subalterno, homem de 25 anos, ativo e um pouco precipitado, cuja vista curta e
cujos olhos tortos, juntamente com os ares de importância que se dava,
provocavam freqüentemente a troça dos subordinados, recebeu de repente uma
inspiração sobrenatural. A crueldade e vil brutalidade dos carrascos, o medo
das santas mulheres e um impulso repentino, causado por uma graça divina,
fizeram-no cumprir uma profecia. Ajustando a lança, que trazia em geral dobrada
e encurtada, firmou-lhe a ponta e virando o cavalo, esporeou-o para subir o
cume, onde estava a cruz e onde o cavalo quase não podia virar; vi como o
afastou da fenda do rochedo. Parando assim entre a cruz do bom ladrão e a de
Jesus, ao lado direito do corpo de Nosso Salvador, tomou a lança com ambas as
mãos e introduziu-a com tal força no lado direito do Santo Corpo, através das
entranhas e do coração, que a ponta da lança saiu um pouco do lado esquerdo,
abrindo uma pequena ferida. Quando tirou depois com força a santa lança, brotou
da larga chaga do lado direito do Redentor um rio de sangue e água que, caindo,
banhou o rosto de Cássio, como uma onda de salvação e graça. Ele saltou do
cavalo e, prostrando-se de joelhos, bateu no peito e confessou a fé em Jesus em
alta voz, diante de todos os presentes.
A Santíssima Virgem e os outros, cujos olhos estavam sempre
fixos no Salvador, viram a súbita ação do oficial com grande angústia e
acompanharam o golpe da lança com um grito de dor, precipitando-se para a cruz.
Maria caiu nos braços das amigas, como se a lança lhe tivesse transpassado o
próprio coração e sentisse o ferro cortante atravessá-Io de lado a lado.
Cássio, caindo de joelhos, louvava a Deus, pois, iluminado pela graça, ficou
crendo e também os olhos do corpo se lhe curaram e desde então via tudo claro e
distinto. Mas ao mesmo tempo ficaram todos profundamente comovidos à vista do
sangue que, misturado com água, se juntara, espumante, numa cavidade da rocha,
ao pé da cruz; Cássio, Maria Santíssima, as santas mulheres e João apanharam o
sangue e a água em tigelas, guardando-o depois em frascos e enxugando-o da
rocha com panos.
Cássio estava como que transformado; tinha recobrado a vista
perfeita e profundamente comovido, curvava-se diante de Deus, com coração
humilde. Os soldados presentes, tocados pelo milagre que se operara nele,
prostraram-se de joelhos, batiam no peito e louvavam a Jesus. O sangue e a água
corriam abundantemente da larga chaga do lado direito do Salvador, sobre a
rocha limpa, onde se juntaram; apanharam-no, com indizível comoção e as
lágrimas de Maria e Madalena misturavam-se. Os carrascos, que nesse ínterim tinham
recebido a ordem de Pilatos de não tocar no corpo de Jesus, que doara a José de
Arimatéia, para o sepultar, não voltaram mais. A lança de Cássio, constava de
várias peças, que eram ajustadas uma sobre a outra; quando dobrada, parecia
apenas um bastão, de pouco comprimento. A parte de ferro que feria, tinha a
forma de pêra achatada; quando se queria servir da lança, enfiava-se-Ihe a
ponta e abriam-se em baixo duas lâminas de ferro, curvas e movediças. Tudo Isso
se passou em redor da cruz de Jesus, logo depois das quatro horas...
Os soldados reuniram-se àqueles que ocupavam a porta que
dava para o Monte Calvário; Cássio seguiu para o palácio de Pilatos, levando a
lança e relatou-lhe tudo que acontecera, prometendo também lhe dar notícias
exatas de tudo quanto ainda sucedesse, se o mandasse acompanhar a guarda do
sepulcro, a qual os judeus, segundo fora informado, viriam requerer-lhe.
Pilatos escutou todas as informações com um oculto terror, tratou-o, porém,
como fanático e com nojo e medo supersticioso da lança que Cássio trouxera
consigo, mandou-lhe que a levasse para fora da sala."
Cássio (São Longinus) no Sepulcro, testemunha da
Ressurreição
Anna Catharina Emmerich continua:"Ao chegar,
certificaram-se da presença do corpo, amarraram uma corda à porta do túmulo,
dessa corda fizeram passar uma segunda à pedra, selando essas cordas com um
selo semilunar. Depois voltaram à cidade e os guardas sentaram-se defronte da
porta exterior do sepulcro. Ficavam alternadamente cinco ou seis homens, indo
de vez em quando alguns à cidade, para buscar víveres. Cássio, porém, não
deixou o posto; permanecia em pé ou sentado, no fosso em frente à entrada da
gruta, de modo que podia ver o lado do túmulo fechado, onde repousavam os pés
do Senhor. Recebeu grandes graças interiores e a inteligência intuitiva de
muitos mistérios; como não estivesse acostumado a tais estados sobrenaturais,
ficava, a maior parte do tempo dessa iluminação espiritual, como que
embriagado, inconsciente das coisas exteriores. Foi nesse tempo que se converteu
inteiramente, tornando-se novo homem; passou o dia em atos de arrependimento,
ação de graças e adoração.
Vi a alma de Jesus aparecer, com grande esplendor, entre
dois Anjos de figura guerreira, (os Anjos que eu via dantes tinham figura
sacerdotal), rodeado de muitas outras figuras luminosas; passando por cima
através do rochedo do sepulcro, desceu sobre o santo corpo, como se se
inclinasse para ele e com ele se fundisse. Então vi os membros se lhe moverem
nos invólucros e o corpo vivo, e resplandecente do Senhor, unido à alma e à
divindade, sair, ao lado das mortalhas, como se saísse da chaga do lado. Esta
visão me recordou Eva, que saiu do lado de Adão. Tudo estava cheio de luz e
esplendor. Nesse momento vi, na minha contemplação, a aparição de uma forma
monstruosa, que dos infernos subiu, por baixo do túmulo. Levantou raivosamente
a cauda de serpente e a cabeça de dragão contra o Senhor. Além disso, como
ainda me recordo, tinha uma cabeça humana. Vi, porém, na mão do Redentor
ressuscitado um belo bastão branco e sobre este uma bandeira desfraldada. O
Senhor pisou a cabeça do dragão e bateu três vezes com o bastão na cauda da
serpente; vi-a encolher-se cada vez mais e afinal desaparecer; a cabeça do
dragão foi pisada e esmagada na terra e só a cabeça humana lhe ficou ainda.
Tenho tido essa visão já por diversas vezes na contemplação da ressurreição e
vi também uma serpente semelhante, espreitando à hora da conceição de Nosso
Senhor. A forma dessa serpente lembra-me sempre a serpente do paraíso, mas, era
ainda mais hedionda. Penso que essa visão se referia à promissão: "A
semente da mulher esmagará a cabeça da serpente." Parecia-me um símbolo da
vitória sobre a morte; pois enquanto Jesus esmagou a cabeça do dragão, não vi
mais o sepulcro, mas vi o Senhor passar resplandecente através do rochedo.
Tremeu a terra, um Anjo em figura de guerreiro desceu do céu ao sepulcro, como
um relâmpago, levantou a pedra para o lado direito e sentou-se-Ihe em cima. Foi
talo tremor de terra, que as lanternas oscilavam e as chamas saiam por todos os
lados. A vista disso, caíram por terra os guardas, como que atordoados e jaziam
como mortos, com os membros tortos. Cássio viu tudo cheio de luz e esplendor;
mas recobrando ânimo, aproximou-se resolutamente do túmulo, abriu um pouco as
portas, examinou as mortalhas vazias e afastou-se, para ir relatar a Pilatos o
que acontecera. Mas ainda se demorou um pouco na proximidade, esperando que
sucedesse mais alguma coisa; pois vira só o terremoto, o Anjo que num instante
levantara a pedra e se lhe sentara em cima, o túmulo vazio, mas não vira Jesus.
Como também os guardas, foi Cássio um dos primeiros que deram notícia do
sucedido aos Apóstolos.
(...) Cássio, porém, depois de sair do sepulcro, demorara-se
algum tempo nos arredores, esperando ver Jesus ou que este aparecesse talvez às
mulheres, que se aproximavam; dirigiu-se depois apressadamente à porta da
cidade, para levar notícias a Pilatos e passando perto das santas mulheres,
contou-Ihes em poucas palavras o que vira, exortando-as a que fossem
verificá-Io com os próprios olhos. (...) No entretanto chegara Cássio ao
palácio de Pilatos, cerca de uma hora depois da ressurreição. Vi o governador
deitado no leito e Cássio apresentar-se-Ihe e relatar-lhe, muito comovido, como
o rochedo tremera e um Anjo descera do céu, removendo a pedra e as mortalhas
ficaram vazias. Jesus era com certeza o Messias e o Filho de Deus; ressuscitara
e não estava.mais no sepulcro. Ainda contou outras coisas que vira. Pilatos
ouviu tudo com um oculto terror, mas não deixou perceber nada e disse a Cássio:
"És um sonhador; fizeste muito mal em colocar-te junto do sepulcro do
Galileu; pois os deuses dEle conquistaram poder sobre ti e fizeram-te ver todas
essas visões fantásticas. Dou-te o conselho de não falar dessas coisas ao sumo
Sacerdote, senão te meterás em maus lençóis." Fingiu também crer que o
corpo de Jesus fosse roubado pelos discípulos e que a guarda descrevesse o
sucedido de modo diferente apenas para se desculpar, porque havia permitido o
roubo ou porque não cumprira com o dever ou talvez porque tivesse sido
enfeitiçada. Tendo Pilatos falado ainda mais tempo dessa maneira indecisa,
despediu-se Cássio e o governador mandou novamente oferecer sacrifícios aos
ídolos..."
Renunciando à sua condição de militar do império de César,
foi instruído pelos apóstolos (não há relatos de que estava presente em
Pentecostes) e partiu para levar o Santo Evangelho para as populações da
Cesaréia e da Capadócia, onde foi responsável pela conversão de muitas ovelhas
ao rebanho de Cristo, durante 28 anos de vida apostólica.
Foi aprisionado pelo Governador provincial romano, que
queria obrigá-lo a fazer os sacrifícios protocolares aos deuses pagãos romanos.
Longino recusou-se. O Imperador mandou então que sua língua fosse cortada e que
quebrassem seus dentes. Por obra de Deus, depois de sofrer tudo isso, Longino
ainda era capaz de falar e ,em um ato de desafio inumano, quebrou os ídolos do
templo em que estava dizendo:
– Veremos se são realmente deuses!
Demônios teriam saído dos ídolos e entrado no corpo do
Governador, que começou a gemer e latir. São Longino os interpelou:
– Por que vivem dentro dos ídolos?
Ao qual responderam:
– Nossa habitação é onde não se fala o nome de Cristo e nem
se faz o seu sinal.
Depois disso, Longino se dirigiu ao Governador,
enlouquecido, latindo e cego e falou ao seu espírito:
– Se não me matares, não serás curado. Logo assim que eu
receber a morte de tuas mãos, rezarei e conseguirei para ti a saúde do corpo e
da alma.
Assim foi feito. São Longino foi decapitado por ordem do
Governador. Este prosternou-se em lágrimas e fez penitência, recuperando de
imediato a saúde. Arrependido, o Governador, até o fim de sua vida, praticou as
boas obras.
UM ACRÉSCIMO
Outras fontes afirmam que Pilatos deu ordens para jogar a
cabeça do mártir em um monte de lixo fora dos muros da cidade. Depois de algum
tempo, certa viúva cega da Capadócia chegou a Jerusalém com o filho para orar
nos lugares sagrados e para pedir que sua visão fosse restaurada. Depois de
ficar cega, ela procurou a ajuda de médicos para curá-la, mas todos os seus
esforços foram em vão.
O filho da mulher adoeceu pouco depois de chegar a Jerusalém
e morreu alguns dias depois. A viúva sofreu pela perda do filho, que servira de
guia.
São Longino apareceu para ela em um sonho e a confortou. Ele
disse a ela que ela veria seu filho na glória celestial e também receberia sua
visão. Ele disse a ela para sair das muralhas da cidade e lá ela encontraria
sua cabeça em uma grande pilha de lixo. Guias levaram a mulher cega para o
monte de lixo, e ela começou a cavar com as mãos. Tão logo tocou a cabeça do
mártir, a mulher recebeu sua visão e glorificou a Deus e a São Longino.
Pegando a cabeça, ela trouxe para o lugar onde estava e
lavou. Na noite seguinte, Saint Longinus apareceu para ela novamente, desta vez
com seu filho. Eles foram cercados por uma luz brilhante, e São Longino disse:
“Mulher, eis o filho por quem lamentas. Veja que glória e honra são dele agora
e seja consolado. Deus o numerou com aqueles em Seu Reino celestial. Agora
pegue minha cabeça e o corpo de seu filho e enterre-os no mesmo caixão. Não
chore pelo seu filho, pois ele se regozijará para sempre em grande glória e
felicidade. ”
A mulher cumpriu as instruções do santo e voltou para sua
casa na Capadócia. Ali ela enterrou seu filho e a cabeça de São Longino. Uma
vez, ela havia sido dominada pela dor por seu filho, mas seu choro se
transformou em alegria quando o viu com São Longino. Ela procurou curar seus
olhos e também recebeu cura de sua alma.
São Longuinho foi canonizado pelo Papa Silvestre II, quase
mil anos depois, no ano de 999. O processo de canonização já tinha caminhado
bastante conforme os trâmites exigidos pela Igreja. Porém, vários documentos
que faziam parte do processo, ficaram perdidos ao longo de anos. Então, o Papa
pediu a intercessão do próprio São Longuinho para que o ajudasse a encontrar os
documentos perdidos. E aconteceu que, pouco tempo depois, os documentos foram
encontrados e a canonização aconteceu conforme a lei da Igreja manda que seja.
São Longino (do latim Longinus) ou Longuinho, como é
popularmente conhecido, é um santo não-canônico da Igreja Católica.
Provavelmente, pelo fato de o nome ser derivado do grego e
significar "uma lança".
No Brasil e na Espanha, comemora-se a festa litúrgica de São
Longino no dia 15 de março. A paz de Deus para todos. Salve a Santa Mãe de
Deus.
REFERÊNCIAS
VARAZZE, Jacopo. Legenda Áurea: Vida de Santos. Cia. das
Letras, 2006, p. 296.
http://oca.org/saints/lives/2013/10/16/102980-martyr-longinus-the-centurion-who-stood-at-the-cross-of-the-lord
São Longino
Rogai por Nós!!!
FONTES:
http://www.cruzterrasanta.com.br/historia/sao-longuinho
http://www.amormariano.com.br/wp-content/uploads/AnnaCatharinaEmmerichVidaPaixaoGlorifica%C3%A7%C3%A3oCordeiro.pdf
http://ocatequista.com.br/archives/9372#sthash.gMspGln7.dpuf